Olá,
Leitores.
Imagine
viver em um mundo em que os livros não podem existir?
Guy
Montag é bombeiro. Mas não um bombeiro comum. Ao contrário dos
heróis que salvam vidas, esse tem o intuito de destruir. Livros.
Montag vive em uma sociedade na qual livros são artigos proibidos.
O
governo não permite que
nenhum cidadão tenha o direito
de ter algum exemplar em seu poder, sob o risco de ter sua casa
queimada. Esse sistema
é quem controla o que pode chegar de informação às pessoas. Nesse
mundo, o permitido, o normal, são pessoas
interagindo com a tecnologia, vivendo a vida dos outros, como se
fossem a sua própria. Ou elas se adequam, ou se usa da violência
para banir os “rebeldes”.
É esse o enredo de Fahrenheit 451*, de Ray
Bradbury.
Uma distopia escrita em 1953 e ambientada no
final do séc 20. Apesar de não haver datas no livro, fica implícito
que se passa próximo da nossa atualidade pois os costumes e hábitos
mostrados no livro são bem próximos aos que vemos nos dias atuais. Fato que
choca muito.
E a visão antecipada desse futuro que o autor
percebeu há mais de meio século, é aterradora: A ficção está se
tornando real.
Pessoas
que parecem robôs, aceitando o que é dito como certo, sem
contestar. Pessoas que passam suas vidas na frente da TV. Será
que estamos longe dessa realidade?
A “profissão” de Montag o deixa inerte,
apático, como se essa queima de livros fosse algo sem importância,
corriqueiro. Como se livros fossem um “acidente” a ser combatido.
Mas como a vida está em fluxo constante de
mudanças, chega o dia em que ele é questionado por uma garota na
rua. Ela pergunta se ele já percebeu o colorido das flores, se
alguma vez sentiu o cheiro da chuva...no início, Guy acha tudo uma
grande bobagem, mas as palavras da adolescente atingem seu íntimo. E ele começa a perceber que anseia por novos encontros e busca a companhia
dela e das poucas palavras que trocam. Porque, nesse universo em que
vivem, conversas e o olhar para o outro, não fazem mais parte do
cotidiano. É aí que ele começa a perceber sua pequenez diante de toda
a beleza do mundo. Só quem conheceu o horror da vida pode dar valor
ao mais simples e belo.
É a partir daí que Montag acorda do seu ideal
de vida e se rebela.
O que Fahrenheit 451 significa para
nossa geração?
Atualmente
os meios de comunicação já tentam nos dizer o que devemos pensar,
o que fazer. As pessoas só precisam concordar. Porém, só somos
manipulados, se permitirmos, não é mesmo?
Quantos
de nós já ouviu que “os programas de TV estão ruins” ou “A
novela está uma droga” ? Mas essas mesmas pessoas gostam e
continuam assistindo, pois não é preciso esforço intelectual. E os
livros (ainda) estão aí! Existem opções! Mas preferem ser
comandados pois é confortável ser manipulado, não é preciso
esforço, pensar...
Pensar!
Será que um dia seremos proibidos disso também?
Coincidentemente,
um fato triste, e real, ocorreu esse mês: O incêndio no Museu Nacional do RJ.
Fato
que comoveu a todos nós, incluindo a imprensa internacional que
manifestou seu lamento pela tragédia.
Mas
pensemos: o prédio esteve lá por tanto tempo e ninguém deu a
importância que ele merecia. Nem governo, nem sociedade.
Há
quanto tempo você não entra num prédio histórico? Ou visita uma
biblioteca? Um teatro?
Não
vamos esperar acontecer outra tragédia para mudar nossas atitudes e
pensamentos. A hora de agir chegou e mostra o que acontecerá se o
nível de manipulação chegar a extremos.
Confesso que achei que esse livro não ia me
conquistar. “Distopia? Não é pra mim”, pensei. Mas foi
impossível não me emocionar com essa obra. Após cruzar a barreira
da ficção científica (não é um gênero que gosto), me deparei
com uma estória linda, de esperança. Vejam a beleza poética deste
trecho:
"Alguns
livros possuem poros", como diz um personagem. Fahrenheit é um
desses, com muitas reflexões e questionamentos, para qualquer um que
esteja disposto a se inflamar, e não deixar seu fogo interno se
extinguir.
![]() |
Ah....o cheiro dos livros |
Por fim, uma última frase do personagem Faber: “Os livros existem para nos recordar de como somos tolos”. Para refletir, hein?!
Obra essencial que deve ser lida por todos, além de ser um clássico dos nossos tempos.
*O numero 451 indica a temperatura na qual o
fogo se propaga no papel (232º C) e é também o número do
capacete de Guy Montag.
Autor: Ray Bradbury
Ed. Globo
Páginas: 216
Um beijo e até a próxima,
Lu.
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