Olá, povo que lê!
Esta semana do nosso "Desafio de escrita" tem o tema: Escreva algo infantil, baseado em experiências de sua infância.
O tema na verdade, para mim, não é um desafio, pois já escrevi outras coisas para o público infantil e tenho muitos momentos bons para recordar da infância. O desafio, na verdade, foi escrever no dia de hoje, um dia em que estou me sentindo extremamente ansiosa, mais do que o normal. Então resolvi falar de algum momento da minha infância em que a ansiedade esteve presente e percebi que a ansiedade é algo nato em mim. Hoje em dia consideram a ansiedade algo a ser tratado, uma doença. Não sou médica para dar nenhum veredito, só posso falar como escritora e como eu, reles vivente do mundo: a ansiedade é uma característica minha, assim como são meus longos cabelos castanhos avermelhados, se eu os cortar ou pintar, se tornam falsos e não combinam comigo, eu assumo minha ansiedade como adjetivo, controlando-a para que não se substantive, então dona ansiedade, o desafio hoje foi para você: segue o texto escrito.
Todo sábado é dia feliz!
Tem feira com pastel e caldo de cana. E logo cedo já espero de rabo de olho pra mamãe, pra ver se vamos almoçar na barraca do seu Zé.
A barraca de pastel é do lado de casa, bem na esquina. Quando ela me puxa por uma mão e com a outra eu vejo o carrinho verde de feira, acaba a ansiedade: o almoço vai ser de bauru.
Depois da feira, um monte de papéis com bolinhas de gordura fazem confete na frente de casa. É uma festa ver aquela bagunça, mas papai não gosta, e fico tensa.
Papai tem 3 pedaços de pau com um prego na ponta. Um é meu. Papai faz do jeito certo pra gente imitar como espetar os papéis do chão e colocar no saco preto pra por fogo. A ansiedade se transforma em trabalho.
Aos pouquinhos a rua fica de terra sem confete de pastel. A alegria fica seca. Anseio por engasgar com a rua sem asfalto. Mas ao final do trabalho, escuto as palavras mágicas: "Vamos no Antônio".
A casa da tia Rute e do tio Antônio, onde tem os meus melhores primos e os melhores doces! O banho é rápido pra tentar conter a alegria e a ansiedade é tanta que eu sou sempre a primeira em vestir a roupa de sair.
Brincamos sem fim.
Livres.
Sem pensamentos.
Alegria é o sentimento.
A brincadeira do fim do encontro é a noite: gato mia. Esconder no escuro no quarto minúsculo para três meninas, duas camas e uma cômoda. A criatividade é pouca para esconderijos. Sombras, silêncio e escuridão. O que parecia infinito, terminará no encontrão, no susto do achar.
A agonia de ser descoberta sempre me delata, me fazendo sair correndo ao banheiro com vontade de fazer xixi.
"Vamos embora", gritam do pé da escada da sala para o quarto. A agonia, na verdade, era a de esperar esta hora chegar e ouvir esta frase terrível.
"Mas nem deu tempo de brincar!", sempre há choro e pedidos para ficar para amanhã, ou ao menos mais meia hora. Mas não tem negociação.
A negociação sempre sou eu comigo, ficar agoniada de novo, muitas vezes sem dormir, pensando se o sábado vai se estender até o domingo com o troco do tio Antonio trazendo a piscina de plástico cheia de primos pra almoçar churrasco no dia seguinte.
É isso, povo, assumir-se como se é. Nada de rótulos, o negócio é ser feliz (claro que respeitando o limite do próximo). Espero que todos também assumam os sentimentos que carregam, mesmo que a sociedade os rotulem de "fantasmas".
Boa semana, Bjks e boas leituras!
Amei Fabi... Me fez lembrar a infância também. Muitas brincadeiras comnos primos, que tristeza quando eles tinham que ir embora... Saudades da infância, só boas lembranças😊❤
ResponderExcluirFeliz daquele que brincava com os primos, geralmente eles são nossos primeiros amigos, Uma dessas primas aí do conto, é como se fosse minha irmã, hj é ate´ minha cumadre.
ExcluirAmei
ResponderExcluirQ bom, fico feliz! Obrigada pela visita!
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